domingo, 5 de novembro de 2017

Capítulo I – O que é Morfossintaxe


Grupo: Morphosintax learners (Assis, Eliézer, Humberto, Leandro e Leonardo)

Referência: SAUTCHUK, Inez. Prática de morfossintaxe: como e por que aprender análise (morfo)sintática. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2010. p. 1-9.

·         Estudos gramaticais

O estudo da gramática da língua costuma ser feito pedagogicamente sob quatro aspectos dela. Fonemas, morfemas e palavras, sintagmas e frases, e unidades semânticas em geral. Cada uma delas corresponde a outras áreas de estudos; que são a fonologia, a morfologia, a sintaxe e a semântica.
Palavras formam sintagmas e estes formam frases. Isso nos remete ao estudo da colocação pronominal, concordância, regência, coordenação e subordinação – estudos sintáticos sobre a relação dos elementos em conjunto. Já os fenômenos linguísticos que ocorrem a partir de linhas de estudos semânticas propiciam a análise da sinonímia, antonímia, paronímia, homonímia, ambiguidade e pressupostos.
A língua é formada por códigos e leis que regulamentam o uso de tais códigos, requisitando uma realização harmônica entre todos os aspectos estudados pelas várias divisões linguísticas.
 Todo falante concretiza seus atos de fala e ganha sua base de comunicação produzindo textos. Todas as construções que não desobedecem a gramática são consideradas corretas. Essa gramática faz com que os falantes aprendam melhor a língua e com isso se expressem de maneira mais clara. O estudo aprofundado de todos esses aspectos citados acima garante ao falante um leque de conhecimentos que ele precisa para dominar a estrutura da língua e, consequentemente, possibilita-lhe menos erros.

·         As unidades linguísticas e os níveis de análise

Unidades linguísticas se completam umas com as outras para formar unidades em níveis de construção mais complexos. Sendo assim, a menor unidade significativa da língua é o morfema, que se combina com outros morfemas para formar o vocábulo, que por sua vez combina-se com outros vocábulos para formar um sintagma. Exemplo:
- O (morfema)
- Cachorro (vocábulo)
- O cachorro (sintagma)
- O cachorro morreu (frase)

As unidades vão se completando umas com as outras até se formar uma frase e um texto; assim funcionam as unidades linguísticas.
O morfema constitui um elemento da língua cuja a função é nomear ou relacionar três elementos básicos do mundo biossocial/antropocultural. Os elementos são:
 Objetos: representados pelos substantivos.
Qualidades: representadas pelos adjetivos.
Ações: representados pelos verbos.

As unidades linguísticas que nomeiam esses elementos são os lexemas. O lexema é um tipo de palavra que contém informação básica de significado. Eles são pertencentes ao inventário aberto, que é composto por palavras que possuem sentido fora de uma frase, como é o caso da palavra “leão”, pois quando falada fora de um contexto cria-se uma “imagem na cabeça” – percebe-se que possui uma “carga semântica”. Há outro conjunto de palavras na língua que só remete ao mundo gramatical e é restrito à função de apenas relacionar ou estruturar outros tipos de palavras. Este conjunto é chamado de inventário fechado. Preposições, por exemplo, são palavras que estão inseridas exclusivamente no inventário fechado, pois não possuem sentido sozinhas. Um bom exemplo é a preposição “de”, que quando falada fora de uma frase não possui sentido algum. O inventário aberto tem esse nome, porque ao se relacionar com a realidade cultural e social dos seres humanos, muda conforme essa realidade também se modifica. Deste modo, novas palavras estão sendo sempre criadas e alteradas – e as quase infinitas possibilidades de uso fazem com que esse conjunto se torne praticamente impossível de ser decorado (e verifica-se o oposto com as palavras que compõem o inventário fechado).

·         Por que morfossintaxe?

Existe um princípio de linguística universal que defende uma afirmação que diz que “nada funciona sozinho”. Para que todas essas unidades possam, de fato, trabalhar juntas, é necessário que se organizem ao menos em duas unidades. Assim é preciso que se juntem um radical (o lexema puro “livr”, por exemplo) e uma desinência (um gramema dependente, como -o) para que tenhamos um vocábulo (livro), ou para que se forme um sintagma nominal (o seu livro, por exemplo) a partir de um artigo somado a um pronome possessivo e um núcleo substantivo. Existe também outro princípio linguístico que se associa com o já citado. Ele consiste em explicar que “na língua as formas se definem em oposição a tantas outras que com elas mantenham a mesma função”. Em qualquer nível de análise linguística, é esse princípio que justifica diferenciar “mapa” de “pata” ou “correr” de “corremos”, entre várias outras palavras.
Quando o falante da língua produz qualquer enunciado, ele está articulando atividades linguísticas básicas: a de escolha de uma forma e a de relação dessa forma com outra. Essa escolha realiza-se em dois arquivos: o acervo de unidades linguísticas que esse falante possui dentro do inventário fechado, e o das unidades que pertencem ao inventário aberto. Para poderem realizar-se no discurso, os signos linguísticos devem ordenar-se no tempo da chamada “cadeia falada”.
O falante faz a seleção do que quer utilizar dos dois inventários e assim passa a fazer parte do arranjo que ele está construindo. O arranjo que contém todas as possibilidades de palavras a serem escolhidas é chamado de eixo paradigmático, enquanto que aquele inerente ao que vai se estabelecendo mediante as leis da gramática (das relações apropriadas e permitidas entre as palavras) é chamado de eixo sintagmático.

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