Grupo: Morphosintax learners (Assis, Eliézer, Humberto, Leandro e
Leonardo)
Referência: SAUTCHUK, Inez. Prática de
morfossintaxe: como e por que aprender análise (morfo)sintática. 2. ed.
Barueri, SP: Manole, 2010. p. 1-9.
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Estudos gramaticais
O estudo da gramática da língua costuma ser
feito pedagogicamente sob quatro aspectos dela. Fonemas, morfemas e palavras,
sintagmas e frases, e unidades semânticas em geral. Cada uma delas
corresponde a outras áreas de estudos; que são a fonologia, a morfologia, a
sintaxe e a semântica.
Palavras formam sintagmas e estes formam
frases. Isso nos remete ao estudo da colocação pronominal, concordância,
regência, coordenação e subordinação – estudos sintáticos sobre a relação dos
elementos em conjunto. Já os fenômenos linguísticos que ocorrem a partir de
linhas de estudos semânticas propiciam a análise da sinonímia, antonímia,
paronímia, homonímia, ambiguidade e pressupostos.
A língua é formada por códigos e leis que
regulamentam o uso de tais códigos, requisitando uma realização harmônica entre
todos os aspectos estudados pelas várias divisões linguísticas.
Todo
falante concretiza seus atos de fala e ganha sua base de comunicação produzindo
textos. Todas as construções que não desobedecem a gramática são consideradas
corretas. Essa gramática faz com que os falantes aprendam melhor a língua e com
isso se expressem de maneira mais clara. O estudo aprofundado de todos esses
aspectos citados acima garante ao falante um leque de conhecimentos que ele
precisa para dominar a estrutura da língua e, consequentemente, possibilita-lhe
menos erros.
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As unidades linguísticas e os níveis de
análise
Unidades linguísticas se completam umas com
as outras para formar unidades em níveis de construção mais complexos. Sendo
assim, a menor unidade significativa da língua é o morfema, que se combina com
outros morfemas para formar o vocábulo, que por sua vez combina-se com outros
vocábulos para formar um sintagma. Exemplo:
- O (morfema)
- Cachorro (vocábulo)
- O cachorro (sintagma)
- O cachorro morreu (frase)
As unidades vão se completando umas com as
outras até se formar uma frase e um texto; assim funcionam as unidades
linguísticas.
O morfema constitui um elemento da língua
cuja a função é nomear ou relacionar três elementos básicos do mundo
biossocial/antropocultural. Os elementos são:
Objetos: representados pelos
substantivos.
Qualidades:
representadas pelos adjetivos.
Ações: representados pelos verbos.
As unidades linguísticas que nomeiam esses
elementos são os lexemas. O lexema é um tipo de palavra que contém informação
básica de significado. Eles são pertencentes ao inventário aberto, que é
composto por palavras que possuem sentido fora de uma frase, como é o caso da
palavra “leão”, pois quando falada fora de um contexto cria-se uma “imagem na
cabeça” – percebe-se que possui uma “carga semântica”. Há outro conjunto de
palavras na língua que só remete ao mundo gramatical e é restrito à função de
apenas relacionar ou estruturar outros tipos de palavras. Este conjunto é
chamado de inventário fechado. Preposições, por exemplo, são palavras que estão
inseridas exclusivamente no inventário fechado, pois não possuem sentido
sozinhas. Um bom exemplo é a preposição “de”, que quando falada fora de uma
frase não possui sentido algum. O inventário aberto tem esse nome, porque ao se
relacionar com a realidade cultural e social dos seres humanos, muda conforme
essa realidade também se modifica. Deste modo, novas palavras estão sendo
sempre criadas e alteradas – e as quase infinitas possibilidades de uso fazem
com que esse conjunto se torne praticamente impossível de ser decorado (e
verifica-se o oposto com as palavras que compõem o inventário fechado).
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Por que morfossintaxe?
Existe um princípio de linguística universal
que defende uma afirmação que diz que “nada funciona sozinho”. Para que todas
essas unidades possam, de fato, trabalhar juntas, é necessário que se organizem
ao menos em duas unidades. Assim é preciso que se juntem um radical (o lexema puro
“livr”, por exemplo) e uma desinência (um gramema dependente, como -o) para que
tenhamos um vocábulo (livro), ou para que se forme um sintagma nominal (o seu
livro, por exemplo) a partir de um artigo somado a um pronome possessivo e um
núcleo substantivo. Existe também outro princípio linguístico que se associa
com o já citado. Ele consiste em explicar que “na língua as formas se definem
em oposição a tantas outras que com elas mantenham a mesma função”. Em qualquer
nível de análise linguística, é esse princípio que justifica diferenciar “mapa”
de “pata” ou “correr” de “corremos”, entre várias outras palavras.
Quando o falante da língua produz qualquer
enunciado, ele está articulando atividades linguísticas básicas: a de escolha
de uma forma e a de relação dessa forma com outra. Essa escolha realiza-se em
dois arquivos: o acervo de unidades linguísticas que esse falante possui dentro
do inventário fechado, e o das unidades que pertencem ao inventário aberto. Para
poderem realizar-se no discurso, os signos linguísticos devem ordenar-se no
tempo da chamada “cadeia falada”.
O falante faz a seleção do que quer utilizar
dos dois inventários e assim passa a fazer parte do arranjo que ele está
construindo. O arranjo que contém todas as possibilidades de palavras a serem
escolhidas é chamado de eixo paradigmático, enquanto que aquele inerente ao que
vai se estabelecendo mediante as leis da gramática (das relações apropriadas e
permitidas entre as palavras) é chamado de eixo sintagmático.
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