sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Por que Morfossintaxe?

Grupo: Mulheres de Letras 
Integrantes: Aline Carvalho, Camila Navarro, Paola Oliveira, Renata Batista e Soffia Barros

SAUTCHUK, Inez. Prática de morfossintaxe. 2ª Edição. São Paulo: Manole, 2010 (Pag. 9  – 18)
 
Olá Galera!  Como tá do lado daí?
No post de hoje, retomamos o papo sobre Morfossintaxe! Vamos lá?
 
Por que Morfossintaxe?
 
 “Nada na língua funciona sozinha”
É necessário sempre que se organizem ao menos em duas unidades.
É preciso que se juntem um radical ( o lexema “puro” livr-, por exemplo) e uma desinência (um gramema dependente, como –o) para que tenhamos um vocábulo autônomo (livro), ou para que se forme um sintagma nominal (o seu livro, por exemplo) a partir de um artigo somado a um pronome possessivo e a um núcleo substantivo.
Até mesmo um texto verbal não se constitui se não se aliar ao menos um signo linguístico a um contexto e assim por diante.
“Na lingua as formas se definem em oposição a tantas outras que com elas mantenham a mesma função.”
É esse principio que justifica, a possibilidade de se diferenciar mata de pata, corri de corremos, os lobos de estes lobos e assim por diante.
Quando o falante da língua produz qualquer enunciado, está sempre articulando duas atividades linguísticas básicas: a de escolha de uma forma e a de relação dessa forma com outra.
O ato de escolher realiza-se entre os dois arquivos: o acervo que esse falante possui de unidades linguísticas que pertencem ao sistema fechado da língua (os gramemas) e o das unidades que pertencem ao sistema aberto (os lexemas). A relação existe quando essas unidades se dispõem em uma linha imaginaria que, no caso do português, é horizontal e da esquerda para a direita. Os signos linguísticos devem ordenar-se no tempo, segundo essa linha imaginária, em uma sequencia chamada CADEIA FALADA.
A escolha entre o acervo virtual realiza-se numa linha vertical que contem todas as possibilidades: a este conjunto de unidades em ausência no discurso é que chamamos de EIXO PARADIGMÁTICO. Ao arranjo que se vai estabelecendo, mediante leis de construção ou de relação da língua, com as unidades em presença no discurso, chamamos de EIXO SINTAGMATICO.

Poderíamos fazer outro “corte” vertical e encontrar outras formas possíveis de serem escolhidas:
 
RADICAL
SUFIXO
DESINÊNCIA
Filh-
-inh
-o
-arad
-a
-ote
-s
Ferr-
-eir
-o
 
RADICAL
VOGAL TEMATICA
DESINENCIA MODO-TEMPORAL
DESINENCIA NUMERO-PESSOAL
Estud-
-á-
-va-
-mos
Falh-
-a-
-rie-
-is
Receb-
-e-
-ria-
-s
Toss-
-i-
-ría-
-mos
 
No eixo sintagmático, a oração se forma pela junção de unidades escolhidas que mantem entre si relações muito especificas. Repare como, no esquema a seguir, as palavras o, esse e meu relacionam-se e concordam, respectivamente, com menino, garoto e filho, assim por sua vez, o primeiro bloco relaciona-se com o segundo e o segundo com o terceiro.
O menino
Atirava uma pedra
Pela janela.
Esse garoto
Jogava a bola
Na vidraça.
Meu filho
Guardou essa figura
Na lembrança.
 
 
 
 
Todo recorte, para efeito de analise linguístico, que for feito “na vertical” estará necessariamente envolvendo um estudo morfológico da língua. É como se uma única palavra fosse colocada em um microscópio e estudada isoladamente.
Será sempre de caráter sintático o estudo que envolver relações entre pelo menos duas unidades que estão nessa linha imaginaria horizontal, isto é, no eixo sintagmático. É por isso que se diz que o campo de atuação da SINTAXE é o eixo sintagmático e o da MORFOLOGIA é o eixo paradigmático.
Pode-se deduzir que, na verdade, a língua funciona morfossintaticamente e que, portanto, seu estudo mais eficiente é feito considerando-se a MORFOSSINTAXE.
Todas as funções sintáticas contraídas no eixo sintagmático são confirmadas, originadas ou autorizadas pela base ou natureza morfológica das unidades envolvidas nessas relações.
 
A CLASSIFICAÇÃO MORFOLOGICA DAS PALAVRAS
Considerações sobre os critérios para a classificação das palavras
 
As palavras são agrupadas em varias classes, conforme a semelhança de forma que apresentam paradigmaticamente, ou conforme o tipo de funções que podem desempenhar no eixo sintagmático ou, ainda, conforme o sentido que podem expressar. A existência dessas classes gramaticais é justificada tanto pela necessidade de se organizar um repertorio tão grande de palavras quanto pelo fato de elas constituírem um modelo: tem características mórficas (estruturais) que permitem contrair ou não determinadas funções sintáticas, propiciando diversas expressões de sentido.
Percebe-se, assim, como forma, função e sentido estão intimamente ligados para explicar qualquer fenômeno linguístico. A FORMA define-se segundo os elementos estruturais que vierem a compor ou decompor paradigmaticamente as palavras; a FUNÇÃO, conforme a posição ocupada no eixo sintagmático; e o SENTIDO depreende-se da relação de ambas as coisas, quase sempre associado a fatores de ordem também extralinguística.
Fator sintático que interfere na produção de sentido:
Homem grande
Grande homem
Funcionário novo
Novo funcionário
 
Uma mesma estrutura sintática pode  apresentar sentidos diferentes, ainda que os componentes paradigmaticos sejam da mesma classe gramatical:
Este
é
o
romance
mais
bonito
de
Jorge Amado
Este
é
o
terno
mais
bonito
de
Jorge Amado
 
Em relação à categoria dos três lexemas básicos que referem o mundo biossocial/antropocultural a gramatica tradicional menos evoluiu na tarefa de conceitua-los:
A Semantica adotada pela Gramatica Tradicional
3 lexemas basicos
conceito
Substantivo
A palavra que dá nome aos seres
Adjetivo
A palavra que da qualidade aos seres
Verbo
A palavra que exprime ação, fenômeno ou estado.
 
Além de a definição de substantivo envolver um conceito tão abstrato e filosófico como ser, também as definições de adjetivo e de verbo seguem o mesmo esquema de raciocínio.
Parece que as crianças tem aprendido na escola o que é um substantivo, adjetivo ou verbo, apesar dessas definições e não por causa delas.
Os linguistas mais modernos preferem apoiar-se em explicações de caráter formal semântico, por serem mais confiáveis, uma vez que dispensam exigências subjetivas de analise. Se  nos  tivermos a características e a mecanismos essencialmente de caráter morfossintáticos ( ou só mórficos, ou só sintáticos) da língua, veremos que é  possível reconhecer com mais segurança as palavras que constituem o seu sistema lexical aberto – exigência imprescindível, já que é impossível decorar todo esse acervo.

E por hoje é só! Espero que vocês tenham gostado e deixe seu comentário!
Até mais!
 

Um comentário:

  1. A morfo é responsável por dar sentido a língua no âmbito gramatical. Cada letra, palavra, oração, texto e etc possuem as mais complexas maneiras de estuda-las e a morfossintaxe nos ajuda a entender tudo isso.

    Morphosyntax learners (Assis, Eliézer, Humberto, Leandro e Leonardo)

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